Foram 60 os profissionais de saúde que, sob o mote “Tumores Hepáticos”, marcaram presença na 2.ª Reunião Anual do Grupo Hepatológico Transmontano, que se realizou no passado dia 14 de outubro, no Centro Cultural Municipal Adriano Moreira, em Bragança. O que a Comissão Organizadora do evento considera um sucesso, quer pelo número de participantes, quer pela diversidade de áreas de atuação dos mesmos, desde o rastreio ao tratamento e ao acompanhamento regular dos doentes com patologia hepática.

O Grupo Hepatológico Transmontano foi criado em 2018, numa lógica de cooperação entre a Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste e o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), com vista a desenvolver um trabalho em rede, de diagnóstico e tratamento das doenças hepáticas – as quais têm uma elevada prevalência neste território – permitindo assim tratar um maior número de doentes na região. Esta parceria, através da maximização dos recursos existentes nas duas instituições, veio, pois, possibilitar a disponibilização de um melhor serviço aos doentes, evitando as deslocações para outras unidades de saúde mais distantes. O que acontece, obviamente, tendo em conta que todos os cuidados são prestados à luz das recomendações internacionais mais atuais, tal como noutras unidades de saúde de referência do Serviço Nacional de Saúde.

 

Atualização científica

A primeira reunião do Grupo Hepatológico Transmontano realizou-se em outubro de 2019, em Vila Real. Após um interregno, devido à pandemia de COVID-19, aconteceu agora o seu segundo encontro, marcado pela partilha de experiências e conhecimentos na área dos tumores hepáticos, incluindo a discussão conjunta de casos clínicos, bem como a apresentação da casuística.

Além de uma excelente oportunidade para apresentar e debater conjuntamente o que tem vindo a ser feito, ao longo dos aproximadamente 4 anos de existência deste Grupo, fruto da referida parceria entre os especialistas dos distritos de Bragança e de Vila Real, esta segunda reunião do Grupo Hepatológico Transmontano afirmou-se, de igual modo, como uma relevante ocasião formativa de atualização científica na área dos tumores hepáticos, e, por isso, com reflexo efetivo naquela que se pretende ser a melhor assistência aos doentes da e na região.

Têm-se, aliás, destacado, a par das atividades clínicas do Grupo, e das ações de atualização científica na área da hepatologia dirigidas profissionais de saúde – estas promovidas em articulação com os Cuidados de Saúde Primários – as muitas iniciativas de sensibilização da população para as questões associadas às doenças do fígado.

 

Apostar na prevenção

Em outubro celebra-se o Mês da Consciencialização para o Cancro do Fígado, uma doença que regista, mundialmente, números considerados alarmantes, no que respeita à sua prevalência e mortalidade. O cancro do fígado é a sexta neoplasia mais comum e a terceira principal causa de morte relacionada com o cancro.

Existem vários tipos de cancro do fígado, mas 90 por cento dos diagnósticos, correspondem aos carcinomas hepatocelulares O diagnóstico ocorre em média entre os 50 e os 60 anos, afeta 3 homens a cada mulher, sendo que as pessoas com maior predisposição são as que têm doença hepática crónica (ou cirrose).

Entre as causas mais comuns de doença hepática crónica salientam-se o consumo exagerado de álcool, as infeções crónicas pelos vírus da hepatite B (HBV) ou hepatite C (HCV) e a obesidade. A maioria dos casos são detetados numa fase tardia, pois este tumor mantém-se assintomático durante um longo período de tempo, inviabilizando algumas opções terapêuticas, pelo que o rastreio e diagnóstico precoce são de enorme importância!

Em termos de prevenção, os especialistas recomendam evitar comportamentos de risco e privilegiar um estilo de vida saudável:

  • Adotar uma alimentação nutritiva e práticas desportivas regulares;
  • Não consumir álcool;
  • Não consumir drogas nem partilhar objetos, como seringas;
  • Vacinar-se contra a hepatite B e, pelo menos, uma na vida realizar o teste de rastreio para a Hepatite C;
  • Priorizar as práticas sexuais seguras, com recurso a preservativo;
  • Cumprir a medicação prescrita pelo médico.

 

No que respeita aos sintomas que podem denunciar a presença de tumor no organismo, estar atento a:

  • Perda de peso inexplicável;
  • Fadiga;
  • Perda de apetite;
  • Náuseas ou vómitos;
  • Fígado e baço dilatado;
  • Dor abdominal ou junto à omoplata direita;
  • Inchaço ou acumulação de fluidos no abdómen;
  • Icterícia.

O diagnóstico, usualmente, é feito através de análises sanguíneas e exames de imagem e o tratamento pode incluir cirurgia, transplante hepático, técnicas de ablação, radioterapia ou terapia sistémica.

Considerando que “a deteção e o tratamento precoce são a chave para eliminar a doença com sucesso”, os especialistas deixam à população o apelo para que “se apresentar sintomas não os ignore!”.