Percorrem diariamente vários quilómetros com o foco nas necessidades dos doentes que, por opção, estão a receber tratamento hospitalar no conforto do seu lar. Os profissionais que integram as equipas da Unidade de Hospitalização Domiciliária da Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste são o rosto dos cuidados de proximidade ao nível do internamento fora das portas do hospital, uma modalidade de cuidados de saúde aplaudida pelos doentes que já foram acompanhados nesta valência. Enaltecem o profissionalismo e dedicação dos profissionais de saúde, que se deslocam, dia após dia, ao seu lar, levando os mesmos cuidados de saúde que teriam num serviço de internamento hospitalar.
O conforto proporcionado pelo aconchego do lar aliado às emoções positivas no seio familiar são os principais motivos que levam os doentes a optar por esta modalidade de internamento, que tem demonstrado uma taxa de sucesso elevada nos quatro anos de funcionamento da Unidade de Hospitalização Domiciliária. Esta Unidade funciona 24 horas por dia todos os dias da semana, com apoio de um médico e de um enfermeiro em permanência.
Para os doentes que já experienciaram esta modalidade de cuidados de saúde no domicílio, este Serviço é uma mais-valia pela proximidade dos tratamentos disponibilizados e pelo impacto positivo ao nível da sua recuperação. É o caso de Beatriz Gonçalves, de 25 anos, que numa situação de doença com critérios para internamento hospitalar, escolheu ser tratada em casa dos pais. “É outro conforto em casa. Tenho o carinho da minha família. Dá-me a sensação de recuperação”, afirma Beatriz. O pai e cuidador, Carlos Gonçalves, acrescenta que “podendo recuperar em casa é muito melhor” e realça a disponibilidade e acompanhamento permanente dos profissionais de saúde que se deslocam diariamente a sua casa para tratar a filha, salientando ainda a segurança que sente sabendo que caso seja necessário um apoio adicional às habituais visitas tem um contacto telefónico que lhe garante o atendimento por um profissional de saúde 24 horas por dia.
A Unidade de Hospitalização Domiciliária recebe doentes de todas as idades, desde que reúnam os critérios clínicos e sociais para receber este tipo de cuidados. António Branco, de 80 anos, necessitou de um internamento e a filha não teve dúvidas na hora de optar pelo tratamento do pai em sua casa. “Está no ambiente dele e ajuda na recuperação. Para quem puder, esta equipa é fantástica”, realça Filomena Branco.
Este projeto de prestação de cuidados no domicílio está em crescimento, tendo sido recentemente alargado aos doentes que se encontram em Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas, permitindo assim tratar os doentes institucionalizados, com qualidade e segurança, no conforto do seu contexto habitual.
“Nada melhor do que trabalhar em rede, trabalhar em parceria, e cada vez aproximarmo-nos mais das Unidades de Saúde. Qualquer apoio médico e de enfermagem permanente para nós é excelente. E todos ganhamos”, salienta a Dra. Paula Pimentel, Diretora da Fundação Betânia e presidente da União das Instituições Particulares de Solidariedade Social do Distrito de Bragança.
Nesta fase, os protocolos de colaboração para tratar os doentes nas instituições abrangeram ainda a Santa Casa da Misericórdia de Bragança e a Obra Social Padre Miguel.
O acompanhamento da Unidade de Hospitalização Domiciliária às Estruturas para Idosos estende-se ainda aos profissionais de saúde que prestam serviços nestas instituições. Vânia Pires, enfermeira na Fundação Betânia, afirma que o apoio de consultadoria que tem disponível dos profissionais das equipas de Hospitalização Domiciliária lhe dá “mais segurança” ao nível da prestação de cuidados.
Os benefícios para os doentes são reforçados pelos profissionais que integram estas equipas da ULS do Nordeste. A médica responsável pela coordenação destas equipas em Bragança, Dra. Carmen Valdevieso, salienta que no domicílio os doentes têm tendência a recuperar num período de tempo mais curto na sequência do contexto social positivo em que se encontram. Os resultados positivos em termos de tratamentos são também uma motivação para as equipas que estão no terreno. “É muito gratificante, tanto para nós, como para o doente, que recupera muito mais rápido no seio da família, na sua casa. Tem um ar menos doente a cada visita que fazemos”, realça a enfermeira Ana Sofia Paulo.
Atendendo às vantagens para os doentes da prestação de cuidados numa ótica de proximidade, o Diretor Clínico para os Cuidados de Saúde Hospitalares da ULS do Nordeste, Dr. Duarte Soares, salienta a aposta da instituição no alargamento desta modalidade de cuidados, com qualidade e em segurança, promovendo a melhoria contínua dos serviços disponibilizados aos doentes em proximidade.
Neste sentido, a ULS do Nordeste está a fortalecer as equipas com intervenção em contexto comunitário, entre as quais a hospitalização domiciliária e o acompanhamento a doentes crónicos avançados e paliativos, numa ótica de partilha de recursos eficiente ao nível da prestação de cuidados.
O fortalecimento desta modalidade de cuidados engloba ainda um projeto que visa, a longo prazo, a implementação de recursos tecnológicos, de forma a possibilitar a realização de meios complementares de diagnóstico e terapêutica em ambulatório, bem como o alargamento da teleconsulta, reforçando assim os serviços disponibilizados em contexto comunitário, indo de encontro às necessidades e expetativas dos doentes, cuidadores e suas famílias.
